No meio da neblina matutina, ele caminhou decisivo.
Pensamentos embaralhados, uma jornada incompleta.
Nada em seu caminho o perturbava, apenas a mistura dentro de si.
Seus planos, suas ideias, seus amores.
Tudo e nada fazia sentido.
Ao mesmo tempo, intensamente.
Sabia que uma decisão havia de ser tomada, porém às variáveis devia-se considerar.
“O que dirá ela?”, pensou.
“Quais tormentos a tira o sono?”, perguntou-se.
Queria de tudo saber.
Seus passos constantes, sua respiração gelada.
Há muito não se sentia assim perturbado e há muito não se deixava levar.
Sua alma havia sido tomada por perguntas que não se permitia responder desde que ela se fora.
Seu coração, tomado e abandonado, lhe concediam pouco mais do que esperança.
Não quis desistir.
No meio da neblina matutina, ele respirou fundo.
Deixou o ar gelado da manhã de outono preencher seu corpo.
Sentiu o cheiro do mato, ainda congelado pela cerração da noite.
Ouviu os pingos distantes do derretimento do gelo.
Abriu seus braços.
Pediu ao universo que o levasse, que dissipasse sua agonia.
Sua alma estava enamorada, sua amada distante.
Tudo lhe parecia perdido.
Tudo lhe havia sido tirado.
Suas possibilidades então falidas
Ressurgiram, assim, das cinzas.
À imagem dela distorcida
Ao toque de suas mãos vazias.
Tocou-lhe a face, retornou à realidade.
Perguntou se apenas o sonho lhe faltava.
Entregou-se ao seu abraço
“Pra sempre?”, pediu ligeiro.
“Pra sempre!”, respondeu-lhe meigo.
Partiram, pois, a caminhar juntos
Na estrada, na vida.
Num querer contínuo, firme e adjunto.