Com o coração na mão
e de peito aberto
escrevo-te um recado
pra não esquecer
longo foi o tempo
amando sincero
de credo em alento
que se viu viver
mudanças tantas
aqui e acolá
passagens e andanças
fizemos muito a voar
idas e vindas
chegadas e partidas
abraços e acolhidas
saudade do estar
algo num súbito
mudou-se em absurdo
sem muita compreensão
veio o adeus de sopetão
hora é, pois, de dizer
o quanto isso me faz doer
as crenças e confidências
dos tantos anos juntos a viver
palavras que não se completam
lágrimas que não se secam
ferida que se abriu
ainda viva me dissecam
que fique, então, registrado
da dor que dói sem compasso
dos planos que se retiram
da vida minha que mais cobiçam
fecho os olhos pro passado
esqueço o que deu errado
prometo seguir o passo a passo
levantar o abstrato
o vício e a abstinência
buscam perdão como ciência
tamanha a prepotência
não se conserta com essa frequência
digo-te pois, adeus
seguirei sem os pensamentos teus
deixo-te de vez seguir
quando de fato sou eu
quem há muito devia partir